Uns São e Unção | |
Pr. João A. de Souza Filho | |
Nestes últimos dias ouvimos experiências, as mais diversas, de pessoas que testemunham que receberam algum tipo de unção. Unção do leão, unção da águia, unção dos quatros seres viventes – imagine o que poderiam fazer com unção assim – unção da lagartixa, etc. Só não ouvi testemunho algum de alguém que tenha recebido unção do quebrantamento, unção da obediência, unção da paz, etc. Isso tem me preocupado, porque analisando as experiências de homens de Deus tanto no Antigo como no Novo Testamento não encontro este tipo de unção. Encontro homens ungidos, capacitados, que operam milagres de Deus na terra; homens e mulheres com unção, mas não uma unção específica. Folheando os arquivos da história da igreja também nos deparamos com muita unção; gente que viveu as mais estranhas experiências espirituais, mas nunca uma unção específica. Eram pessoas ungidas com o Ungido. Explico. É que na Bíblia não encontramos tipos específicos de unção. Encontramos ungidos com a Unção! Mas o que é unção? João responde: “E vós tendes a unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento... Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou” (1 Jo 2.20,27). Esse é um dos únicos textos da Bíblia que fala da unção como uma coisa concreta, não um fluído, um som, um vento. Ainda que na experiência de se ter o Espírito Santo a sensação que se sente mexe com a alma, as emoções, o que se recebe é algo concreto; recebe-se a própria Pessoa do Espírito Santo que passa a residir em nós! João deixa claro que a unção vem de Deus; que ela traz conhecimento; que nos ensina, e que não é falsa. Isto posto, transparece a idéia de que existe unção que é falsa, que não vem do Santo e que não traz conhecimento! Algumas coisas que precisamos entender. Primeiro. A unção é uma experiência que começa na conversão. É quando o Espírito de Deus passa a residir Segundo. Os discípulos receberam o Espírito Santo a primeira vez em João 20.22, e depois foram cheios novamente em Atos 2.4 e depois novamente em Atos 4.31! Ser cheio do Espírito Santo uma vez não garante unção para sempre. Precisamos ser cheios do Espírito Santo todos os dias, continuamente! É algo que ocorre “mediante o seu Espírito no homem interior” (Ef 3.16) e que deve ser cultivado de nossa parte, para que nos enchamos sempre do Espírito. “Enchei-vos do Espírito”, diz Paulo (Ef 5.18). Terceiro. Se a unção é algo concreto que recebemos de Deus – por que, então, perdemos o vigor do Espírito, ou sentimos que vazamos da unção? Uma das respostas está Quarto. Em 1 João 2.20,27 unção é conhecimento divino. A presença do próprio Espírito Santo. Quinto. Unção é também separação como nos Salmos 45.7; 89.20. Jesus foi separado, ou ungido pelo Pai, conforme Isaías Is 61.1 fato que se cumpriu Finalmente unção é delegação de autoridade (1 Sm 16.12-23 na unção de Davi e 1 Rs 1.39 na unção a Salomão e que depois é ungido novamente (1 Cr 29.22). – Aqui um precedente: Pode-se ungir (autorizar uma pessoa) várias vezes perante o povo para que este respeite a autoridade de Deus sobre ela! Conclusão: Unção é Habitação de Deus em nós. Unção é inteligência de Deus em nós; é separação. É delegação de autoridade! A unção é completa e não se manifesta apenas como leão e águia, símbolos de força e altivez, mas como bezerro e homem, símbolos da humildade e de humanidade! Se alguém teve uma experiência com o Espírito Santo e a experiência a deixou orgulhosa, insubmissa, rebelde, achando que é melhor que os outros; posso garantir que é falsa e que não veio do Espírito da verdade! A verdadeira experiência com o Espírito Santo nos deixa mais humildes, serviçais e nos faz calar. Unção, portanto, é a Presença do Espírito Santo em nós. Alguns, no entanto, confundem unção com manifestações. A unção pode vir acompanhada de todo tipo de manifestações, mas nem sempre as manifestações significam que temos unção. Às vezes uns são! |
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Uns São e Unção
QUANDO O ARTISTA, A ARTE E O ADORADOR OCUPAM O LUGAR DE QUEM DEVE SER ADORADO - Por Nelson Bomilcar
QUANDO O ARTISTA, A ARTE E O ADORADOR OCUPAM O LUGAR DE QUEM DEVE SER ADORADO - Por Nelson Bomilcar | |
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Caetano em uma de suas canções mais inspiradas sobre São Paulo, lembrou-nos a presença e força de Narciso no coração das pessoas, clamando por aceitação e reconhecimento ou determinando nossos conceitos estéticos do belo. No princípio do século XX o conceito de personalidade começou a circular no meio cinematográfico. Imaginava-se que a personalidade era constituída das qualidades que caracterizavam as pessoas famosas nesse novo ramo de entretenimento. Esses eram os "astros" que se destacavam na multidão: narcisistas obcecados por chamar atenção para si mesmos. A propaganda foi usada para incitar e manipular o consumo e seus bens, produção que aumentou após a Segunda Guerra Mundial. Ela procurava ditar o que deveríamos "precisar", "desejar", e o que nos "tornaria felizes". O culto da auto-realização tornou-se um alvo terapêutico e o culto da pessoa era o caminho da felicidade. Estas noções impregnaram o contexto religioso e social de maneira geral. Noções de auto-importância acentuavam conceitos fantasiosos de liderança e da arte, fantasias de sucessos, poder, brilhantismo e beleza ilimitados, que frustram os que perseguem a realização da alma. Exibicionismo gerando falsas expectativas, sentimento de que o mundo "lhe deve algo" e quando a pessoa não é reconhecida, sente-se inferior, humilhada, com vergonha por não ter conseguido "vingar". Cria-se um ambiente favorável para a exploração interpessoal, busca-se a competição e o desejo de ver possíveis rivais frustrados e inferiorizados, desaparecendo a empatia e a sensibilidade com os outros. Junte o narcisismo, a propaganda e o contexto de comércio que se cria, e temos uma "equipe" nociva, destruidora e conspiradora contra as boas motivações, valores éticos e morais, e valores do Reino de Deus. Todos os que atuam na área da música e da adoração, principalmente artistas, autores, compositores e grupos que deixaram registrados suas produções em CDs, DVDs, fitas, livros, etc, passam pela experiência da exposição de sua criação, arte e pensamento em busca também de reconhecimento e aceitação. Junto com a fome de sucesso, caminham em agenda paralela e não oficial (porém é a realidade do coração humano), pois a resposta "oficial" e politicamente correta, se argüidos, à buscar a glória de Deus e ser uma benção para os outros. Resposta automática e instantânea. Mas, as tentações se apresentam sempre. Como diz o querido pastor Enéas Tognini, "elas continuam as mesmas: a barra de ouro, a barra da saia e a coroa de glória". Pastores e conferencistas tem vivenciado esta experiência também, quando suas mensagens e palestras são transformadas em "produtos" para serem comercializados. As pressões aparecem de todos os lados, dentro e fora, para serem transformados em objetos de culto e adoração, através do sucesso ou da aceitação na mídia. Vê-se pastores, escritores e líderes de louvor conceituados, participando em programas que pregam o que eles mesmos não acreditam, ou que seus próprios ensinos ou cânticos delatam, mas vestidos de cara de pau e incoerência, fazem tudo para não desprezarem a "oportunidade" de sucesso, aceitação e venderem mais. Tudo muito triste, pois perdem credibilidade e deixam de ser referenciais. O engano da falsa unidade! Os modelos de fora que aportaram em nossas livrarias e igrejas fomentam o reconhecimento, o culto ao ego; os dons que devem "brilhar" e "serem promovidos", as metas que precisam ser atingidas, e você não pode ser um Zé Mané, discreto, sem aspiração de aparecer, que é logo descartado ou ignorado. Buscar o reconhecimento e sucesso pode alavancar crescimento de nosso selo, gravadora, igreja, missão ou ONG e não podemos abandonar este caminho, dizem alguns. O Dr. James Houston, fundador do Regent College no Canadá, ensinou que "a última manobra do ego é o cultivo do narcisismo espiritual, isto é, o uso do inconsciente da prática, para aumentar ao invés de reduzir sua própria importância; a busca espiritual e a coisas e práticas espirituais passa a ser um processo ou jornada de auto-engrandecimento, ao invés de uma jornada de aprofundamento da humildade". Calvino e Wesley mostram que, quando não buscamos a felicidade e a glória de Deus, transformamos a vida religiosa em auto-promoção. A pessoa acredita que Deus a escolheu especialmente para ter habilidades excepcionais e fazer coisas especiais para Ele. O cara que começou aquele "grande ministério", juntou tremendo patrimônio, o homem do descarrego 110 e 220V, que luta contra os demônios B ou C, o músico que enche estádios e aeroportos, �酅olha o narcisista aí, gritando e precisando ser satisfeito. Hoje, gravadoras, editoras e igrejas evangélicas copiam os modelos secularizados das gravadoras e editoras seculares (até com competência) sem critérios, modelos de gestão em seu negócio, buscando transformar o artista, o líder, ou a denominação na "sensação" nunca vista antes, que tem "uma unção" que ninguém nunca teve, que não deve ter contato pessoal com os outros simples mortais cristãos apreciadores de seu trabalho, apenas no meio da massa. Contam com nossos corações narcisistas, consumistas e sedentos de sucesso. Vivi a experiência duma geração que fazia tudo por amor mesmo (pastores, missionários, jovens, artistas ou não) e quanto mais desafios, melhor. Quando nos achávamos mesmo servos (inúteis, porém alegres), movidos em servir ao Senhor pela causa que abraçamos, constrangidos pelo amor de Deus por nós, ou pelo amor às pessoas que atingíamos com nosso ministério e com nossa música, ficávamos realizados. Tempos em que tínhamos alegria de ter contato com o público o tempo todo e não éramos transformados em seres impessoais, não ficávamos reclusos por orientação dos "empresários" evangélicos (não existiam ainda), nos hotéis cinco estrelas ou spas logo após as "gloriosas apresentações", diga-se de passagem, devidamente pagas com cachês astronômicos. Quer ter contato com o artista ou pregador? Lamento, tente mandar um e-mail, entre no site dele, inscreva-se no seu "fã" clube, aguarde aquela noite de autógrafos quem sabe em sua cidade, e não se esqueça, ore por ele e compre seu material!!! Se o trouxermos para nossa cidade para um evento, provavelmente, você não chegará perto de tamanha "efem�ride", pois foi mitificado e se tornou objeto de adoração, alguns com segurança e tudo. Estamos sempre tentando cultuar o "narciso" que existe dentro de nós, o nosso ego, até porque, ele teima em comandar nossos sonhos, aspirações, e intenções do coração. Esta é uma herança indiscutível de nossa natureza adâmica. Natureza que busca o reconhecimento de sermos considerados pequenos deuses, objetos de culto e admiração, sem noção de nossa finitude, do Deus Infinito a quem servimos, e da realidade do sucesso transitório e efêmero. Somente o Espírito Santo para dominar "este espírito". Pode parecer que não defendo o sustento digno de seus trabalhadores e dos artistas, que tem sido, diga-se de passagem, explorados pelas próprias gravadoras e igrejas ao longo dos anos ou que acho não ser possível mostrar a criação para os outros. Não é este o raciocínio ou intenção deste artigo. Temos que honrar aqueles que tem procurado viver seriamente e honestamente da arte e da pregação. E para isto devemos ter critérios e maturidade. Tenho um amigo muito chegado, grande pregador, que disse que agora ele "só canta" e a mensagem vai "de lambuja", para não ser humilhado após conferências e congressos vendo os artistas ganhando "polpudos cachês" e ele, que "somente" pregou, ganhar aquela oferta vergonhosa de se dar. Mas temos que reconhecer, na "linguagem de hoje", Jesus teria que espantar os vendilhões do templo, das sacadas do templo, do telhado do templo, das imediações do templo. A pergunta que não quer calar: como lidar para que não se instale e se cultive o Narciso em nossas vidas? Quais vacinas para repelir este "vigoroso" vírus do sucesso e autopromoção, que muitas vezes pode nos afastar do Deus que quer ser adorado e reconhecido? Vírus solto no meio dos que estão na adoração, arte ou mesmo ministérios. Este é o retrato: qualquer um cria ministério ou monta uma igreja, qualquer um tem CD, publica livro, fita, do zelador ao tesoureiro da igreja, do bispo cantor ao segurança da igreja, da filha do diácono ao genro do coordenador da escola dominical. Somos transformados em produtos agora, deixamos de ser pessoas, agora aspirantes a adorados e reconhecidos, roubando muitas vezes o lugar Daquele que deveria ser adorado, admirado e cultuado. Conformando-nos facilmente com isto, amoldamos a nossa consciência e ética cristã de forma distorcida e justificamos tudo e a todos. Temos que resistir! Deus nos ajude! | |
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Nelson Bomilcar é um dos idealizadores do ISA. Para saber mais acesse em "Quem Somos". Ou a sua página pessoal, www.nelsonbomilcar.com.br Fonte: http://www.seradorador.com.br/index.php?pag=artigos&acao=Ler&id=32 |
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